Festival: MADA (2018)

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Foto: Luana Tayze

O já tradicional festival de música MADA (Música Alimento Da Alma), que acontece em Natal (RN) e completou vinte anos, comemorou a data com uma festa que reuniu diversos estilos musicais, muita música nordestina, e uma atração internacional de peso. O evento ocorreu no belo Estádio das Dunas e possuía três palcos: os principais, Palco TNT e Palco Coca-Cola, que são um do lado do outro, onde as apresentações se revezavam, e o Palco Arena, que foi uma novidade deste ano.

No sexta-feira (12/10) quem abriu o Palco Coca-Cola foi a recifense Duda Beat, que fez o público chegar cedo para escutar o seu brega pop. Ela cantou músicas do seu primeiro e único álbum, “Sinto Muito”, lançado esse ano, entre elas “Bédi Beat”, “Egoísta”, e o hit “Bixinho”, além de fazer cover da banda Aviões do Forró e cantar sua versão em português de “High by the Beach”, da Lana Del Rey. A cantora uruguaia Alfonsina fez um show animado para um público que em sua maioria não conhecia a artista (era o meu caso), mas assistiam e se divertiam com a apresentação.

No Palco Arena, pude prestigiar ótimos shows das bandas Rieg, da Paraíba, e Saint Chameleon, da Áustria. De volta aos palcos principais, o grupo baiano ÀTTØØXXÁ fez todo mundo dançar com seu pagode eletrônico, tocando músicas como “Elas Gostam” e “Caixa Postal”. A apresentação de Cordel do Fogo Encantado, e da Nação Zumbi, que aconteceu logo após, foi um dos melhores momentos da noite. Além de muito manguebeat, e de mostrar o melhor da música pernambucana, esses foram também um dos momentos mais políticos, devido ao discurso dos artistas (o que eles falaram lá, e o já presente nas músicas também). Posicionamento político, inclusive, foi algo que não faltou no festival. Nos dois dias do evento, por diversas vezes, tanto o público puxou o coro de “ele não”, como a grande maioria dos artistas também deram o seu recado sobre o atual cenário político brasileiro.

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Foto: Luana Tayze

Quem encerrou a primeira noite foi a baiana e já consagrada Pitty, que trouxe o show da sua atual turnê Matriz, no qual canta antigos sucessos, entre eles “Admirável Chip Novo”, “Me Adora” e “Na Sua Estante”, e suas canções novas, “Te Conecta” e “Contramão”. Esta última, inclusive, teve a participação da natalense Emmily Barreto, que já havia se apresentado mais cedo com sua banda Far From Alaska. Uma novidade dessa nova turnê da Pitty é um set acústico que acontece no meio do show, onde ela convidou o público a voltar para o início da sua carreira, em 2003, e tocou “Teto de Vidro” e “Temporal”, que foram seguidas por uma cover de “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, e “Dançando”, música do Agridoce (projeto musical que ela tem com o guitarrista da sua banda, Martin Mendonça).

No sábado (13/10), o rapper paulistano Rincon Sapiência, atraiu um grande público para ouvir e cantar músicas como “A Coisa Tá Preta” e “Ponta de Lança (Verso Livre)”, e pareceu bem agradecido com a resposta da plateia. Também de São Paulo, os integrantes da banda Francisco, El Hombre entraram no palco completamente nus e com letras pintadas em seus corpos, formando a palavra “lute”. O MPB e a música latina presente em suas canções colocaram todo mundo para pular e dançar muito, sendo um dos mais animados da noite.

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Foto: Luana Tayze

A grande atração do festival com certeza foi a banda escocesa Franz Ferdinand, que tocou pela primeira vez na terra potiguar. Com 16 anos de carreira, o quinteto está promovendo o seu último disco “Always Ascending”, e seu já característico rock dançante tirou todo mundo do chão. Com vários hits, os melhores momentos foram duranta as músicas “Do You Want To”, “Love Illumination”, “Take Me Out” e “Ulysses”. O vocalista Alex Kapranos, muito simpático, sempre soltava um “obrigado” e interagia com plateia, dizendo que estava se sentindo muito conectado com todos. E ele provou isso quando, no meio da última canção, “This Fire”, ele pediu para todos se agacharem no chão para então pular na hora que a música explodisse. E assim o estádio o fez.

O grupo de Salvador BaianaSystem foi quem teve a honra de fechar o festival de forma digna com o seu samba-reggae. O Festival MADA foi uma ótima experiência. Com um line-up eclético e excelentes apresentações, essa foi uma grande edição de aniversário, e ele não poderia ter se encerrado de forma mais simbólica: no final do evento, quando todos estavam saindo, começou a tocar nas caixas de som “We Are The Champions”, do Queen, e as pessoas, espontaneamente, começaram a cantar junto, com mais vozes gradativamente fazendo parte do coro. Foi emocionante. A música é realmente o alimento da alma.